Ela era uma garotinha ruiva baixinha e estava num vestidinho branco e rendado. Encontrei-a por acaso, tinha andado muito e estava cansado, naquele dia tinha mi convencido que meu pai havia sumido para nunca mais voltar.
ela estava sentada na calçada em frente a praça bandeirantes, já devia ser uma 18:30 e os drogados e mendigos já se dirigiam as suas camas, mas ela continuava ali com os olhos baixos a cutucar a terra. ainda lembro de pensar:"como é que deixam essa menininha sozinha assim? será que ela também não tem pai?" e durante muitos anos isso se repetiu, não podia ver uma criança sozinha que logo pensava que ela não tinha pai, pelo menos assim eu não era o único diferente.
Comecei a lembrar de quando vinha aqui com ele, eu adorava brincar nos balanços, escorregadores e todos aqueles brinquedos que tem nas praças, ele só lia o jornal enquanto fumava. Mi sentia feliz. as vezes após pular de algum brinquedo, eu olhava na direção dos bancos como par mi certificar que ele ainda estava lá, é uma ótima sensação saber que alguém zela por você.
Então ele dobrava o jornal e dizia:
- já esta na hora de ir embora vamos?
- só mais um cigarro, rapidinho
- esta bem só eu terminar esse
Essa era a forma de contar o tempo que ele mi ensinou, essa é só mais uma das inutilidades que carrego para o resto da vida. Quando ele terminava íamos os dois lado a lado, pra casa sempre conversando, eram as horas mais felizes da minha semana.
Pensei em ir lá conversar com a ruivinha, perguntar se ela realmente não tinha pai, porem isso ficou somente como pensamento, logo a mãe dela a chamou para dentro ela foi correndo.
E eu aprendi tudo um dia acaba.
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